Nesse 2 de outubro completam-se 23 anos do Massacre do Carandiru. Após uma rebelião no pavilhão 9 da penitenciária originada de uma briga entre alguns presos, cerca de trezentos
policiais militares invadiram a casa de detenção do presídio e exterminaram (no mínimo) 111 homens desarmados e rendidos.
O Massacre do Carandiru não é de um caso isolado. A chacina é representativa da política prisional brasileira, que submete os detentos de seus presídios adultos e Fundações Casa à condições de vida degradantes e assédio constante dos agentes prisionais.
Viola-se os os direitos mais básicos dos encarcerados porque, em sua enorme maioria, são sujeitos que sempre estiveram à margem do processo civilizatório brasileiro: indivíduos jovens,
pretos, pobres e periféricos. Nas quebradas de ondem saem nossos presos falta saneamento, falta creche, falta ensino e postos de saúde de qualidade. Esse mesmo Direito Penal que
responde com violência aos marginalizados, no entanto, conserva intactos sujeitos como Fleury e Pedro Campos, os mandantes do Massacre do Carandiru.
Nossa política criminal, além de seletiva, é massival. O Brasil já possui a terceira maior população carcerária do mundo, formada em boa parcela a partir de encarceramentos abusivos e ilegais. Não satisfeitos, setores ligados a indústria do cárcere tentam recrudescer ainda mais leis punitivas e restrivas de direitos, avançando com projetos de redução da maioridade penal e aumento do tempo máximo de internação nas Fundações Casa.
Os diversos massacres, reais e estuturais, não são consequências de falhas do Direito Penal; ao contrário, são o resultado de seu perfeito funcionamento como estrutura repressiva das classes dominantes. Sendo assim, entendemos que a luta contra as grades e massacres é indissociável de todas as demais lutas dos trabalhadores.
Por isso convidamos a todos que lutam por uma vida desmilitarizada, descriminalizada e livre de proprietários e patrões para relembrar nesse 2 de outubro os (ao menos) 111 que tombaram no Massacre do Carandiru e todas as outras vítimas da violência do Estado. Também é um dia para celebrarmos a resistência daqueles que sobrevivem aos massacres codianos e ainda encontram forças para lutar.
ATO EM MEMÓRIA DOS 23 ANOS DO MASSACRE DO CARANDIRU: sábado 02/10/2015, concentração no largo São Francisco às 17hs.
Pelo fim dos massacres, somos tod@s negr@s, pres@s, mulheres, indígenas, periféric@s,
semtetos, semterras, trabalhador@s!
Nem redução, nem Fundação: por uma vida sem grades!
ORGANIZAÇÃO:
Rede 2 de outubro
Casa Mafalda
Coletivo Desentorpecendo a Razão
Movimento Passe Livre SP
Projeto Comboio
Pastoral Carcerária
Coletivo de Galochas
Grupo Teatral Parlendas
Coletivo Mopat